Inclusão Digital em Rede

Refugiados aprendem Português

[por D'Arcy Albuquerque | Monitora CID]

PLNM | Português Língua Não Materna

Desde a segunda quinzena de março, que o Centro de Inclusão Digital de Évora (Projeto MovimentARTE-E6G) conta com a participação de um grupo de refugiados, sobretudo de origem síria, que deseja, urgentemente, aprender a falar português. Assim, foi criada a "turma" de Português Lingua Não Materna (PLNM).


No início a turma contava com 3 participantes (2 da Síria, 1 da Guiné Conacri) residentes em Évora. Depois juntaram-se a estes mais 4 sírios residentes em Beja. As idades do público variam dos 18 aos 87 anos. Temos estruturado 2 encontros semanais (ver calendário público do CID no separador "Horário"), às terças na sede do Projeto, na CVP-CHE; e às sextas, no CID. E já vamos na 12ª aula.

Esta turma enquadra-se na atividade designada "Cid & Net: Inclusão Digital em Rede" que conta com 5 horas semanais para ações de formação não certificadas. 

O objetivo da "Inclusão Digital em Rede" é mobilizar os recursos digitais (e humanos) para dar respostas às necessidades prementes das pessoas. Isso significa ser pragmático. Não há tempo a perder! Mais do que desenvolver formações "curriculares", o urgente aqui é "resolver problemas".

Metodologia

Na aula de hoje (29/04/2016), estando presentes apenas Tamam (à minha direita) e Abdul (à minha esquerda) foi possível, finalmente, concretizar um experiência metodológica/didática pretendida desde que o desafio de ensinar refugiados de origem síria (portanto, falantes do árabe) a falar o português foi posto ao CID: dar ênfase digital a uma formação de aprendizagem de língua segunda.

Como?

  • Usando o computador (online) como interface para a comunicação,
  • fazendo uso de software de controle remoto e reunião (Teamviewer) e
  • recorrendo ao Google Tradutor como intérprete.

Este 3 elementos combinados não apenas tornaram possível a comunicação efetiva entre mim e os alunos como clarificaram questões que ainda estavam dúbias porque, até aqui, o inglês (falado por apenas 1 dos alunos entretanto ausente nesta aula) era o principal recurso de mediação.

Interface digital: teamviewer & google tradutor

Ir ao encontro das necessidades dos alunos é a principal preocupação quando o objetivo é uma efetiva inclusão, seja ela digital ou não.

 A primeira interação da aula de hoje foi a correção das tarefas realizadas como "TPC". No fim do exercício feito, chamam-me a atenção os alunos para 2 frases cuidadosamente escritas em português, numa letra virtuosamente desenhada:

"Nós queremos entender as pessoas"

"Nós queremos falar com as pessoas"

 Tenho de admitir que isto me comove. Mas, mais que comover, põe questões pragmáticas. Como tornar possível, já, a comunicação?

 Minutos depois, já recorrendo ao tradutor, outra demanda: 

"Professora, por favor, não mais inglês! Português!"

Hoje, eu fiquei a saber mais sobre o Abdul e o Tamam do que em qualquer das nossas aulas anteriores. Hoje eles puderam fazer perguntas, emitir opiniões, dar informações, contar histórias; e, permeando uma efetiva (perdoem a insistência no adjetivo) comunicação, aprenderam um pouco mais a língua Portuguesa.